• Eisenach (1685/1695)


  • Johann Sebastian Bach nasceu em 21 março de 1685 e foi batizado dois dias depois na Igreja de São Jorge, a hitórica Georgeenkirche. Temos conhecimento de ambas as datas graças a documentos fidedígnos: a primeira é-nos dada pelo próprio Bach numa genealogia familiar por ele compilada; a segunda consta do assento de batismo. Mas, na realidade, os dias em que Bach nasceu e foi batizado não correspondem a 21 e 23 março de 1685, de acordo com o calendário atual, pois a Alemanha só adotou o calendário gregoriano em 1721. Assim, fazendo o respectivo cálculo, a verdadeira data do nascimento de Bach coincide exatamente com o nosso 31 de março. Bach nasceu em Eisenach, pequena cidade - contava então com 6.000 habitantes - da região da Turíngia, com profundas raízes históricas, políticas e culturais. Entre elas, salientam-se os torneios poéticos e musicais da Idade Média, os célebres Sängerkriegen dos Minnesänger, um dos quais foi cantado por Wagner em Tannhäuser; e, entre os acontecimentos históricos ocorridos na cidade, podem mencionar-se os esponsais de Santa Isabel da Hungria, que em 1221 se uniria em casamento com o Landgrave da Turíngia, Ludwig IV, na mesma Georgenkirche onde Bach foi batizado e começou a orar. Em 1662, Eisenach convertera-se na sede de um ducado independente, em virtude do desmembramento do ducado de Weimar. Um importante castelo medieval, erguido no cume mais alto das colinas que rodeiam, dominava a cidade; e, muito próximo dela, encontrava-se o fabuloso castelo de Wartburg, que testemunhou a vida penitente e heróica de Santa Isabel e os torneios de Tannhäuser. Mas, para as pessoas profundamente religiosas, como Bach e a família, a cidade tinha outras conotações mais importantes: Eisenach estava intimamente ligada a Lutero e à sua Reforma religiosa. Fora em Eisenach, na escola de Latim, anexa à Georgenkiche, que o reformador estudara, entre 1498 e 1501; em Eisenach se refugiara em maio de 1521, após a grave ruptura com a Dieta de Worms, por motivo da sua contestação da Sagrada Escritura; em Eisenach, naquela mesma Georgenkich onde vivera durante os anos de juventude e onde mais tarde Bach seria batizado, pregou Lutero em 3 de maio de 1521, violando a proibição rigorosa de Carlos V e assim enveredando por um caminho sem possibilidade de regresso, o da Reforma luterana; em Eisenach, mais concretamente no seu castelo, dedicou-se, entre 1521 e 1522, à tradução da Bíblia, segundo os seus novos pontos de vista, e à formação dos cânticos da Reforma, a nova música religiosa, que alcançará a máxima perfeição com Bach; finalmente, muito perto de Eisenach, no histórico castelo de Wartburg, despojou-se do hábito de frade agostinho, rompendo definitivamente com a Igreja Católica. Outros detalhes: Eisenach, em Latim Isenacum, em alemão antigo Isenach. Cidade da Alemanha Oriental, distrito de Erfurt. Possui indústrias química e automobilística. Na segunda grande guerra mundial foi tomada pelo III exército norte-americano (Patton) a 5 de abril de 1945.
    Na nave lateral do lado norte da igreja de São Jorge, existe uma pia batismal construída no ano de 1503. Essa venerável relíquia, que está intata até hoje, presenciou muitos eventos significativos através dos séculos, mas nenhum o foi mais do que a cerimônia do dia 23 de março de 1685, à qual o pastor ainda hoje se refere sempre que um bebê aí é batizado. Nesse dia, o músico da cidade Johann Ambrosius Bach batizava um filho com o nome de Johann Sebastian. Dos dois padrinhos, um, o músico Sebastian Nagel, veio da cidade de Gotha; o outro, Johann Georg Kock, era um guarda florestal dos domínios ducais. Parece profundamente simbólico que Sebastian Bach fosse feito membro da comunidade cristã numa igreja mergulhada em tradição e lenda alemãs. Mas, pondo de lado todas as considerações históricas, a igreja ainda significava muito para os Bach de Eisenach como o centro de suas atividades musicais. Agora, no edifício onde Johann Christoph, o mais eminente entre os músicos Bach mais velhos, servira como organista nos últimos 20 anos, estava sendo batizado o membro da família que iria superá-lo. Mas, este fato, não desmerece o grande Johann Christoph, pois não seria apenas ele que seria superado, todos os outros músicos, do passado, presente e futuro, também o seriam. Pois ali estava o maior de todos. Johann Sebastian Bach.
    Poucos fatos significativos se conhecem sobre os primeiros anos da juventude de Sebastian Bach, mas parece seguro supor que seu pai, um notável violinista, o ensinou a tocar os instrumentos de corda, enquanto que o seu primo em segundo grau, Johann Christoph, deve ter sido o responsável por sua iniciação no órgão. Aos oito anos de idade, ingressou na escola de latim de Eisenach, frequentando-a ao mesmo tempo que seu irmão Johann Jakob (1682-1722) e dois de seus primos. Os alunos começavam usualmente aos sete anos e permaneciam em cada classe durante dois ou três anos, até estarem aptos para promoção. Sebastian progrediu muito rapidamente, ocupando um lugar ligeiramente superior ao seu irmão Jakob, que era três anos mais velho. Ele também se distinguia em outras matérias além das escolásticas. Naturalmente, estava estre aqueles alunos para quem os coros da escola eram de suprema importância, e Sebastian foi rapidamente promovido do coro Kurrende, que cantava hinos de uma parte, para o Chorus Symphoniacus, interpretando motetos e cantatas. A cogregação de São Jorge era realmente afortunada por desfrutar da música dominical fornecida pelos Bach, com Johann Christoph produzindo sons grandiosos no órgão, Ambrosius tocando magnificamente um instrumento de cordas, e o pequeno Sebastian cantando numa pura voz voz de soprano, com a participação de outro parente, que eram todos intensamente musicais. E feliz eram as crianças do clã Bach por crescerem numa atmosfera de profunda e natural musicalidade.
    Foi apenas por um breve período de tempo que a Sebastian foi concedida a felicidade de uma existência tão protegida. As frequentes ausências do menino da escola - 95 horas no primeiro ano letivo e 103 no ano seguinte - testemunham a convulsão em sua vida familiar. Perdeu a mãe quando tinha nove anos e o pai menos de um ano depois. Então, a família foi chamada em auxílio. Sebastian e seu irmão Jakob foram acolhidos no lar do primogênito, Johann Christoph (n. 1671), organista na pequena cidade turíngia, Ohrdruf.


  • Ohrdruf (1695/1700)


  • Ao aceitá-los, Johann Christoph, seguiu a tradição da família de assistência mútua, a qual contribuíra imenso para o êxito dos músicos Bach. Podemos imaginar, porém, que a oferta de tal hospedagem não seria fácil para ele. Os vínculos de sangue nunca tinham sido reforçados por uma vida doméstica compartilhada em comum, pois pouco depois do nascimento de Sebastian, Johann Christoph deixara seus pais a fim de estudar em Erfurt com o grande organista Johann Pachelbel; assim, seus jovens irmãos eram, na realidade, dois estranhos para ele. Além disso, casara apenas há alguns meses, um bebê estava a caminho e os honorários pagos pelo Conselho de Ohrdruf eram extremamente magros. É compreensível que o mais velho dos dois tutelados de Johann Christoph, Jakob, depois de frequentar durante um ano a escola de latim de Ohrdruf, deixasse seu irmão a fim de ir ser aprendiz de músico da cidade de Eisenach que sucedera a Ambrosius Bach no cargo.
    Sebastian, entretanto, permaneceu em Ohrdruf cinco anos. Durante esse período, contribuiu para as despesas da casa ganhando um não exíguo salário como cantor, mas esse trabalho não impediu o precoce jovem de realizar uma brilhante carreira na renomada escola de latim de Ohrdruf. Suas promoções seguiam-se rapidamente umas às outras, e Bach era, usualmente, não só o mais jovem de sua classe, mas também um dos alunos mais categorizados. Foi finalista aos 14 anos, quando a média de idade de seus colegas de classe era 17,7 anos.


  • Weimar (1703, 1708/1717)


  • A distância entre Muhlhausen e Weimar não excede os 62 km. Social e economicamente, porém, Sebastian percorreu um enorme caminho quando trocou seu emprego na Cidade Livre Imperial por um na corte ducal. Desde o começo, seu novo salário era quase o dobro do que recebia em Muhlhausen e estava destinado a crescer durante sua estada em Weimar. E, embora suceder aos Ahle, pai e filho, em São Blásio tivesse sido, sem dúvida, um privilégio, entretanto, aos olhos do mundo, uma boa posição numa corte ducal propiciava ainda mais prestígio. Além das vantagens materiais, havia outras condições que muito significavam para o organista. Seu novo patrocinador era um fervoroso e profundamente religioso luterano, que apreciava a música como um importante meio de glorificação do Senhor. Aí encontrou Sebastian incentivo para levar a diante seus planos para "uma música religiosa bem ordenada", não sendo de prever qualquer oposição por parte de outras seitas religiosas, pois o duque, que governava seus domínios com mão de ferro, não tolerava outro credo além do luteranismo ortodoxo. Felizmente, no campo da música, as idéias de Bach pareciam encaminhar-se na mesma direção das do seu patrocinador. O duque passou a manifetar grande apreço pelos dotes de seu organista e a confiar em suas opiniões em assuntos musicais. Embora o órgão da igreja do castelo tivesse sido reconstruído em 1708 pelo fabricante de órgãos Weishaupt, Bach logrou induzir seu amo a gastar nele novas e substanciais somas. Primeiro, providenciou a instalação de um jogo de carrilhões e não tardou em sugerir uma completa reconstrução, que o fabricante de órgãos Heinrich Trebs executou entre 1712 e 1714. A atitude de cooperação do duque era tudo que o jovem músico precisava para expandir seu gênio. Foi em Weimar que Bach, o organista, atingiu as alturas mais grandiosas. Como o duque lhe permitia frequentes ausências, durante as quais era substituído pelo seu competente discípulo J. M. Schubart, Sebastian tocava amiúde em outras cortes e cidades, e sua fama como virtuose do órgão espalhou-se por toda a Alemanha. Começaram circulando lendas; como visitara anonimamente uma igreja da aldeia e arrancara sons tão maravilhosos de um instrumento em estado deplorável que o organista de aldeia murmurara: "Isso só pode ser o diabo ou Bach em pessoa !".
  • Lubeck (out-1705/fev-1706)


  • Pouco depois do caso Geyersbach, Sebastian, ansioso por esquecer seus problemas pessoais numa grande experiência musical, solicitou uma licença de quatro semanas para visitar o famoso organista Dietrich Buxtehude em Lubeck, e segeriu que seu primo Johann Ernert o substituísse na "Nova Igreja". O Consistório compreendeu perfeitamente o desejo de seu jovem e talentoso organista de aprimorar sua arte e autorizou a viagem. Assim, Sebastian rumou de novo para o norte, percorrendo desta vez uma distância de mais de 350 km. Seu plano era assistir aos famosos Abendmusiken (concertos vesperais) que Buxtehude regia na igreja de Santa Maria nos últimos dois domingos após a Trindade, e o segundo, terceiro e quarto domingos do Advento. Como afirma um documento contemporâneo, "desse modo os melhores agradecimentos podiam ser musicalmente endereçados ao Todo-Poderoso no final do ano, por todos os favores concedidos". Bach chegou a Lubeck no tempo justo para assistir a esses eventos e considerou que superavem realmente suas mais altas expectativas. Buxtehude tinha 40 músicos à sua disposição, os quais eram colocados em quatro plataformas especialmente construídas para as apresentações. A orquestra de 12 a 14 executantes era de alto gabarito, e dizia-se que os sete músicos da cidade que colaboravam não eram "meros sopradores mas excelentes artistas e compositores famosos em cortes principescas". Mas foi naturalmente o próprio Buxtehude quem, como compositor e organista, causou uma impressão esmagadora no jovem Sebastian. Também teve a oportunidade de assistir à emocionante apresentação do castrum doloris de Buxtehude, escrito em memória do falecido imperador Leopoldo I, assim como a celebração do acesso ao trono do novo imperador, para o qual o compositor forneceu o seu templum honoris. Sebastian permaneceu fascinado em Lubeck, e a idéia de regressar ao posto no final da licença de quatro semanas nem lhe passou pela cabeça. A única coisa que lhe importava era absorver toda a complexidade da arte de Buxtehude. Esses foram, de fato, dias maravilhosos para Bach, que estava realizando novas, excitantes e duradouras descobertas, as quais frutificariam de forma superlativa em sua própria obra de criação. Para Barbara, distante em Arnstadt, preocupada com a reação dos superiores de Sebastian, deve ter sido um períodos difícil. Entretanto, Sebastian, embora profundamente agitado pelo que ouvira e aprendera, permaneceu-lhe fiel. Quando lhe foi sugerido que poderia tornar-se sucessor de Buxtehude, desde que casasse, de acordo com o costume, com a filha do mestre, Anna Margretta, então com 30 anos, ele declinou, embora a posição na igreja de Santa Maria deva ter parecido fascinante para o organista da pequena igreja em Anstadt. Foi após uma ausência de quatro meses, em vez de quatro semanas, que Sebastian reapareceu em Arnstadt. A congregação não tardou em notar uma mudança na forma de tocar do seu organista. Encorajado pelo que ouvira em Lubeck e transbordante de tantas idéias, Sebastian tornou-se menos convencional em seus acompanhamentos de hinos, e suas improvisações entre os versos pareciam nunca chegar ao fim. A concregação estava surpreendida , perplexa, escandalizada e, por vezes, era incapaz de acompanhar os corais sem propeços.
  • Arnstadt (1703/1707)


  • Em 1703, três diferentes postos de organista estavam por preencher na Turíngia. Um era da igreja de Santiago, em Sangerhausen, cujo organista falecera em julho de 1702. Que Sebastian solicitou o posto é revelado numa carta que ele mesmo escreveu, uns 30 anos depois, a um membro do Conselho de Sangerhausen. Por ela ficaram sabendo que, depois de todos os votos terem sido a seu favor e de o posto lhe ser prometido, o senhor da cidade, o duque de Saxe-Weissenfels, intercedera, pois queria que o cargo fosse preenchido por um músico mais maduro, Johann Augustin Kobelius. Naturalmente, o protegido do duque foi nomeado, e Sebastian teve que se contentar com a promessa de favores subsequentes (uma promessa que ele resgataria com êxito para um de seus filhos). Também em Eisenach o cargo de organista da cidade ficou vago pela morte de Johann Christoph Bach a 31 de março de 1703. Sebastian pode ter sido francamente atraído por essa oportunidade na cidade onde nascera. Ignora-se se solicitou ou não o posto. Em todo o caso, ele foi entregue a um membro mais velho e mais renomado da família, Johann Bernhard Bach (1676-1749). Uma oportunidade mais promissora, entretanto, parecia estar se concretizando num outro centro do clã Bach: Arnstadt. Aí, a velha igreja de São Bonifácio, que em 1581 tinha sido devastada por um incêndio, fora reconstruída uns cem anos depois e estava agora funcionando, uma vez mais, com o nome de Neue Kirche (Nova Igreja) - Em 1935, seu nome foi mudado para Bach Kirch (Igreja Bach - No início, não tinha órgão mas, finalmente, fora coletado dinheiro suficiente para começar a construção de um instrumento, para o qual um organista não tardaria em ser preciso. No início de 1703, a obra estava quase concluída e os parentes de Sebastian começaram a trabalhar a favor dele. Naturalmente, tais diligências não podiam ser precipitadas e, nesse maio tempo, Sebastian tinha que ganhar seu pão de cada dia. Portanto, aceitou a primeira posição que se lhe apresentou, ingressando como "lacaio e violinista" na pequena orquestra de câmara de Johann Ernest, um irmão mais moço de de temperamento artístico do duque de Weimar então reinante. Era como se Sebastian estivesse seguindo a tradição estabelecida por seu pai e avô (este último iniciara também sua carreira em Weimar na dupla função de criado e violinista) mas, na realidade, ele estava apenas ganhando tempo até que posto de organista, no qual punha todo o seu coração, lhe fosse oferecido. Neste meio tempo, procurou tocar órgão tanto quanto possível, atuando como substituto do idoso osganista da corte, Johann Effer. Isso foi não só uma valiosa experiência para o jovem Sebastian mas também ajudou nas negociações em Arnstadt. Martin Feldhaus, prefeito da cidade e parente dos Bach, não deixou de fazer bom uso deste fato. Realmente, quando conseguiu que Sebastian Bach, então com 18 anos, fosse convidado para testar o novo órgão, Feldhaus não fez por menos: o recibo que redigiu pelo pagamento das despesas de Sebastian deu ao jovem o exagerado título de "Organista Magnífico da Corte Ducal da Saxônia em Weimar", o que, na época, ainda não era uma realidade. Testando e tocando no novo órgão, o jovem Sebastian teve oportunidade de revelar sua estupenda maestria aos cidadãos de Arnstadt, e não há dúvida alguma de que os empolgou. O procedimento usual de convidar vários candidatos para apresentações de prova foi cancelado e menos de um mês após sua exibição, Sebastian recebeu um contrato que lhe concedia um salário anual de 50fl., mais 34fl. para alimentação e alojamento. Essa renda para um organista era excelente nesses tempos. O tio-avô de Sebastian, o eminente Heinrich Bach, jamais recebera tanto durante os seus 50 anos de serviços em Arnstadt, nem o irmão mais velho de Sebastian em Ohrdruf ganharia no final de sua carreira o que ao seu antigo aluno era concedido desde o começo. É significativo que Sebastian, embora ansioso por trabalhar na mesma posição e na mesma cidade de seus parentes, estivesse decidido, mesmo aos 18 anos apenas, a construir sua vida em condições materiais bem mais favoráveis. A 14 de agosto de 1703, o novo organista foi investido em suas funções.
  • Muhlhausen (1707/1708)



  • Dornheim (17/out/1707)



  • Cothen (1717/1723)


  • Em 1717 operou-se completa modificação na vida de Bach, ao ser ele nomeado músico da corte do Príncipe de Anhalt-Cothen. Esse aristocrata apreciava bastante as composições instrumentais e seculares do compositor, e Bach esteve a seu serviço durante seis anos, período durante o qual produziu incessantemente concertos e suítes orquestrais, partitas e sonatas para flauta, violino, viola da gamba e cravo, peças corais ligeiras (como a Cantata do Café e a Cantata Camponesa, por exemplo), dúzias de peças para solo de teclado, que incluem desde os primeiros vinte e quatro prelúdios e fugas do Cravo bem Temperado ao vibrante Concerto Italiano a às duas dúzias ou mais de suítes e partitas de grande porte.
  • Leipzig (1723/1750)


  • Em 1723 Bach inicia o terceiro e último período de sua carreira, ao ser nomeado Kantor (diretor musical residente) da Igreja de São Tomás, em Leipzig, cargo que exerceu até o fim da vida (vinte e seis anos depois). Suas tarefas incluíam a supervisão das atividades musicais dos jovens integrantes do coro, a composição de obras diversas, o ensaio e a regência da orquestra dessa igreja e de outras três que lhe eram subordinadas. Como já ocorrera em suas anteriores ocupações no seio da Igreja luterana, Bach vivia a se queixar da insuficiência de meios disponíveis e, ao mesmo tempo, a irritar seus empregadores com as atitudes pouco convencionais que tomava com relação aos estudantes, aos instrumentistas e às próprias congregações. Apesar disso, sua autoridade musical era de tal ordem que a cidade passou a considerá-lo como parte fundamental de seu patrimônio artístico. Foi durantre esses anos em Leipzig que ele compôs suas mais notáveis obras sacras, desde cantatas (para cada domingo e dia santo de todo um ano) à monumental Missa em si menor e à Paixão Segundo São Mateus. A composição e a regência de música para igraja tomavam a maior parte de seu tempo, e tudo indica que ele se dedicava à execução ao teclado e à feitura de obras instrumentais como uma espécie de relaxamento. Os últimos vinte e quatro prelúdios e fugas do Cravo Bem Temperado, a Oferenda Musical e A Arte da Fuga, suas grandes obras primas para teclado, foram todas escritas aos seus cinquenta e sessenta anos.